Ópera na Prisão – Traction volta a abrir as portas do Pavilhão Mozart e a subir ao palco do Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian
O PROJETO | BREVE HISTÓRIA
Primeiro a SAMP foi a Vale Judeus oferecer um concerto ao “filho da Ivone”. Estávamos em 1981 e era necessário ir tocar para um rapaz da terra que acabava de ser preso. A instituição musical centenária dos Pousos continuou a colaborar musicalmente com a comunidade prisional, mas só 23 anos depois a Ópera havia de entrar com Don Giovanni de Mozart no Estabelecimento Prisional Regional de Leiria. Foi em 2004, e aí se juntaram pela primeira vez cantores líricos profissionais e uma orquestra, e com os professores da Escola de Artes ouviu-se Ópera numa prisão de Leiria pela primeira vez. Datam, também, dessas primeiras edições de 2005 e 2006, os primeiros estudos psicológicos que se fizeram sobre o impacto do projeto nos seus participantes.
Depois de 10 anos de voluntariado, o projeto ganha um novo fôlego com o programa PARTIS da Fundação Calouste Gulbenkian. Foi em 2014 que passou a funcionar no Estabelecimento Prisional de Leiria – Jovens (EPL-J), e a cada três anos foi atingindo objetivos mais ambiciosos, sempre com base nas óperas de Mozart. Decisivo para o crescimento do projeto foi a possibilidade de ter a Orquestra Gulbenkian a acompanhar os jovens nas récitas, dentro do Estabelecimento Prisional, mas também o desafio de levar ao palco do Grande Auditório da Fundação, em Lisboa, os jovens reclusos e seus familiares. Entretanto, o projeto acabou por construir dentro da prisão um espaço físico dedicado à criação e performance de pequenas obras de teatro musical, o designado PAVILHÃO MOZART. Com o reconhecimento internacional do trabalho realizado em Leiria, chegou o convite para integrar um Consórcio Europeu num projeto dedicado à Ópera em cocriação com impacto social. O projeto chama-se Traction, e, entre outros parceiros, conta com a Irish National Opera e o Grand Teatro El Liceu, de Barcelona e propõe envolver toda a comunidade (de dentro e de fora da prisão), na cocriação desta grande ópera, a estrear em junho de 2022, utilizando para isso tecnologia de realidade virtual aumentada.
O projeto Ópera na Prisão – Traction tem como primeiro e grande objetivo a redução dos níveis de reincidência criminal de jovens reclusos através da prática artística e da co-criação entre artistas profissionais e não profissionais.
O ESPETÁCULO | A Ópera original da edição de 2022: O TEMPO (Somos Nós)
Escolheram-se duas palavras: porta e viagem. E foi sobre elas que se foram tecendo e partilhando memórias. Construiu-se uma história e compôs-se uma ópera que nos conta do tempo. Do que somos todos. Ulisses e Penélope ajudaram muito, e até Mozart voltou ao Pavilhão a que deu nome, no Estabelecimento Prisional de Leiria – Jovens, para se juntar ao coro. Três compositores e um libretista convidados, conviveram dentro e fora de muros com quem gosta de ouvir e contar histórias. Chegámos agora a um primeiro porto, e veremos por quanto tempo ficaremos.
“Porque vamos? Porque ficamos? Porque esperamos?
O TEMPO (SOMOS NÓS) propõe uma interpretação livre e contemporânea das histórias de Ulisses e Penélope: nas personagens daquele que viaja e daquela que espera concentram-se tensões, dúvidas, esperanças, ilusões e angústias que todos os espectadores poderão reconhecer como suas. Explorando as dualidades e conflitos internos dos protagonistas com dramatismo e humor, esta ópera proporciona um conjunto de interrogações e reflexões que partem do simbólico e do metafórico para interpelar cada espectador no concreto das suas certezas.
Um espectáculo-espelho feito de múltiplas colaborações e cumplicidades criativas onde se podem entrever temáticas intemporais como a percepção do tempo, a oposição entre escolha individual e condicionalismo colectivo, a concepção de liberdade como utopia ou mera possibilidade de opção entre diferentes formas de prisão, a importância do amor na definição do destino.
O tempo somos nós. Mas como torná-lo realmente nosso?”
Paulo Kellerman, Escritor e Libretista
A apresentação pública deste espetáculo final acontece em três momentos distintos, dos quais um terá lugar em Leiria e dois em Lisboa. A estreia da Ópera “O TEMPO (Somos Nós)” acontece no próximo dia 04 de junho 2022 (sábado), às 10h30, na Tanoaria do Estabelecimento Prisional de Leiria – Jovens. A entrada é livre, para maiores de 16 anos (com autorização assinada do tutor responsável/Encarregado de Educação), e está sujeita a inscrição prévia através do Formulário de Inscrições.
Os outros dois momentos de apresentação pública do espetáculo “O TEMPO (Somos Nós)” terão lugar no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, nos dias 16 e 17 de junho (quinta e sexta-feira), ambos às 19h00. Para estas apresentações públicas, foram desenvolvidas duas ferramentas digitais em sistema web-based: o Co-creation Space, para a cocriação com suporte para partilha de conteúdos, comunicação e colaboração, e o Co-Creation Stage, para ligar de forma remota artistas e performances, possibilitando a criação de espetáculos em que os palcos se ligam pela internet, permitindo que, aos músicos e cantores que estão em palco na Fundação Calouste Gulbenkian, se juntem, em direto, outros jovens a cantar desde o interior do Estabelecimento Prisional de Leiria – Jovens.
Para os espetáculos em Lisboa, os bilhetes têm um custo de 5€ e podem ser adquiridos na bilheteira da Fundação ou através da bilheteira online. A entrada é para maiores de 6 anos. Mais informamos que a SAMP organiza a deslocação de Leiria-Lisboa nos dias 16 e 17 de junho, mediante inscrição prévia através do Formulário de Inscrições (inscrições abertas até dia 12 de junho de 2022).
PACOTE PROMOCIONAL
1 Bilhete de autocarro (ida e volta) + 1 bilhete para entrada no espetáculo = 20€
*Os bilhetes devem ser reservados previamente e serão, posteriormente, entregues pela Equipa SAMP.
**A deslocação de autocarro irá depender de uma quantidade mínima de reservas.
Ainda no mês de junho, no dia 06 (segunda-feira), decorrerá uma Conferência TRACTION sob o tema Desenvolver Capacidades: repensar o valor social da cultura (Building Capabilities: rethinking the social value of culture), a acontecer em formato misto, online e presencial, a ter lugar no Auditório 2 da Fundação Calouste Gulbenkian, com início às 09h00. Com o objetivo de promover um encontro entre instituições culturais, participantes e especialistas da tecnologia, neste congresso poderemos ouvir e debater sobre o novo pensamento europeu relativo à cultura e à sociedade, compartilhar ideias com outras pessoas interessadas pelo valor social das Artes e experienciar os resultados artísticos em primeira mão. O Congresso é aberto ao público geral e a entrada é livre.
O espetáculo inserido no projeto ÓPERA NA PRISÃO – TRACTION, é organizado em parceria entre a SAMP – Sociedade Artística Musical dos Pousos, a Fundação Calouste Gulbenkian e o Estabelecimento Prisional de Leiria – Jovens, e é financiado pelo programa de investigação e inovação HORIZONTE 2020 da União Europeia. Conta, ainda, com os apoios da Câmara Municipal de Leiria e da União das Freguesias de Leiria, Pousos, Barreira e Cortes, entre muitas outras pessoas e instituições anónimas.
FICHA TÉCNICA
Obra em cocriação com toda a comunidade prisional, com a especial participação de:
Orquestra Gulbenkian
Maestro/Direção Musical
José Eduardo Gomes
Compositores
Francisco Fontes (Cenas 3 e 4)
Nuno da Rocha (Cenas 1 e 6)
Pedro Lima Soares (Cenas 2 e 5)
Libretista
Paulo Kellerman
Encenação e Cenografia
Carlos Antunes
Solistas
André Henriques – Barítono
Carla Simões – Soprano
Inês Constantino – Mezzo-Soprano
Frederico Projecto – Tenor
Elenco
André Henriques – Barítono (Ulisses)
Carla Simões – Soprano (Penélope)
Inês Constantino – Mezzo-Soprano (Mulher)
Frederico Projecto – Tenor (Homem)
Jovens do EPLeiria – Companheiros de Ulisses / Companheiros do Homem / Jovem W, X e Z
Coro do EPLeiria – Jovens e de Familiares
